Um termo raramente compreendido em sua completude, usado parcialmente ou sob apenas uma ótica por diferentes filosofias, mas que em sua integralidade possui inúmeros benefícios para o corpo, para a mente e a alma.
O Despertar tem um sentido figurado, mas também tem um sentido literal. O Ser Humano de maneira geral entra e sai de pequenos estados de transe diversas vezes durante o dia. Não percebe que estava em transe, mas várias situações do nosso cotidiano o induzem ao transe. Atividades monótonas e repetitivas induzem ao transe. O contrário também, situações extraordinárias, geram o fascínio, que é também um tipo de transe. Vou citar exemplos, sabe aquele momento no trânsito em que você ligou o “piloto automático”? Você estava em transe. Sabe aquele filme emocionante, que fez você chorar? Você estava em transe. Nestes estados de transe, você está literalmente em um plano intermediário entre o estado de vigília e o estado de sono. Portanto passamos o dia dormindo. O despertar tão intensamente promulgado por aí, então também tem uma vertente física, além da óbvia vertente simbólica do despertar da consciência. Ora, e como se manter acordado?
A filosofia taoísta responde dizendo que temos que estar presentes no nosso corpo, aqui e agora. E o que significa estar presente no corpo? Quer dizer sentir o seu corpo, sentir a sua pele, seus músculos, seus ossos. O nosso corpo, é o único espaço que é realmente nosso. Todas as outras dimensões de espaço são externas e alheias. Estar presente no nosso corpo unifica corpo, mente e espírito. Existe uma máxima no oriente que diz que a energia segue o pensamento. Se o seu pensamento está no seu corpo, a energia o vivifica. Existe uma união nestes três planos.
Existe uma outra dimensão da presença, que é o aqui e o agora. Segundo esta filosofia, tudo o que existe de verdade é o aqui e o agora. O passado, passou, não existe mais e o futuro ainda não se concretizou, portanto, o real é o aqui e o agora. Se observarmos bem o aqui e o agora, de forma geral, ele é agradável. Você provavelmente neste momento, está com pessoas bacanas, em um ambiente saudável, fazendo coisas agradáveis. Eu arriscaria dizer que 98% do nosso tempo estamos tendo experiências boas, saudáveis. Entretanto a nossa mente sempre se apressa a buscar eventos desagradáveis, muitas vezes traumáticos no passado, que evocam sentimentos de tristeza profunda, ou vamos ao futuro, em expectativas irrealistas, que geram ansiedade, e simplesmente estar no presente parece uma missão hercúlea.
Afinal, como desenvolver a presença? A presença é a ativação dos seus sentidos o máximo possível. Principalmente o tato, a audição e a visão, e quando possível o olfato e paladar também. É sempre bom começar pelo tato, principalmente pelas extremidades, que são mais sensíveis. Sinta o que acontece com a sua mente quando você se concentra em sentir a ponta dos seus dedos. Sente mais calor no corpo? Sua mente se silencia? A mesma coisa acontece com os outros sentidos, quando nos concentramos neles, a mente se torna passiva, para por alguns instantes a sua tagarelice habitual.
Os taoístas chamam isso de pensamento passivo. Não é que a sua mente está ausente de pensamentos, mas os pensamentos não se manifestam em palavras, eles simplesmente percebem. Este estado é extremamente relaxante do ponto de vista mental. É um descanso regenerativo, que a mente necessita, da mesma maneira que o descanso é essencial para o corpo também. É parecido com o que nós conhecemos por meditação, mas você não precisa parar de fazer o que você está fazendo para estar presente. Muito pelo contrário, o ideal é estar presente em suas atividades cotidianas.
O descanso mental organiza os pensamentos, e permite clareza mental para os assuntos do dia a dia. Esta clareza mental ajuda a discernimos os pensamentos úteis dos tóxicos. Temos pensamentos que são como vampiros, que nos drenam, esgotam e se formos refletir, por que mesmo estamos dando atenção a eles? Perceba a diferença de estar dando atenção a esta falação mental interna, e como é simplesmente estar onde você está agora. Sinta, sentir é essencial para a presença.
Mas sobre a presença é mais fácil falar dela, do que que praticá-la. Desenvolver a presença exige técnica e disciplina. Mas é um esforço cuja recompensa realmente vale a pena. Diz um conto chinês que antes da Era do Gelo, o Ser Humano, tinha a presença como um estado natural e constante. Era uma época de comida abundante. Com a Era do Gelo, a mente teve se ser forçada na busca por alimentos cada vez mais escassos, e isso gerou a desarmonia que conhecemos hoje de corpo e mente. O paraíso perdido dos contos antigos era este estado de presença. Se a parte histórica deste conto confere com os fatos, eu não saberia dizer, mas o que importa do conto, é que o estado de presença é de fato um paraíso, que para a maioria de nós foi realmente perdido.
Pedro Pheeney
Hipnoterapeuta Magnetista